segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Emmy 2012

Homeland" venceu no domingo (23) os Emmys de Melhor Ator e Melhor Atriz de uma Série Dramática, com Damian Lewis e Claire Danes. A série também foi premiada com Melhor Série de Drama e Melhor Roteiro de Série de Drama. "Mad Men", grande promessa da noite que poderia igualar o recorde de "Frasier", que em 1998 somou cinco estatuetas como Melhor Série de Comédia, ficou sem nenhuma prêmio.


Confira a lista completa dos vencedores do Emmy 2012, marcados em negrito.

Melhor série cômica

Modern Family


Melhor série dramática

Homeland


Melhor minissérie ou filme feito para TV

Game Change


Melhor ator em minissérie ou filme feito para TV

Kevin Costner - Hatfields & McCoys


Melhor atriz em minissérie ou filme feito para TV

Julianne Moore - Game Change


Melhor ator coadjuvante em minissérie ou filme feito para TV

Tom Berenger - Hatfields & McCoys


Melhor atriz coadjuvante em minissérie ou filme feito para TV

Jessica Lange - American Horror Story



Melhor programa de variedade, música ou comédia

The Daily Show with Jon Stewart



Melhor atriz em série dramática

Claire Danes - Homeland


Melhor ator em série dramática

Damian Lewis - Homeland



Melhor direção em série dramática

Tim Van Patten pelo episódio "To the Lost" - Boardwalk Empire



Melhor atriz coadjuvante em série dramática

Maggie Smith - Downton Abbey



Melhor roteiro em série dramática

Alex Gansa, Howard Gordon e Gideon Raff pelo episódio "Pilot" - Homeland



Melhor ator coadjuvante em série dramática

Aaron Paul - Breaking Bad



Melhor apresetador de reality show

Tom Bergeron - Dancing with the Stars



Melhor reality show de competição

The Amazing Race


Melhor atriz em série cômica

Julia Louis-Dreyfus - Veep


Melhor ator em série cômica

Jon Cryer - Two and a Half Men


Melhor direção em série cômica

Steve Levitan pelo episódio "Baby on Board" - Modern Family



Melhor atriz coadjuvante em série cômica

Julie Bowen - Modern Family



Melhor roteiro em série cômica

Louis C.K. pelo episódio "Pregnant" - Louie



Melhor ator coadjuvante em série cômica

Eric Stonestreet - Modern Family



Melhor atriz convidada em série dramática

Martha Plimpton - The Good Wife



Melhor ator convidado em drama

Jeremy Davies - Justified



Melhor atriz convidada em série cômica

Kathy Bates - Two and a Half Men



Melhor ator convidado em série cômica

Jimmy Fallon - Saturday Night Live

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A vida pode ser leve, apesar de tudo


Baseado em fatos reais “Intocáveis” é, muito bem costurado, tem atuações de primeira e um notável equilíbrio entre emoção e humor


"Intocáveis" (Intouchables), de Olivier Nakache e Éric Toledano foi o fenômeno absoluto de bilheteria na França em 2011, um dos filmes mais vistos na história do cinema francês, levando às salas de exibição mais de 20 milhões de pessoas. Garantia se sucesso no resto do mundo? Não necessariamente.  Fenômenos comerciais, como “A Riviera Não É Aqui” (2008) e “Os Visitantes” (1993), passaram quase batidos em outros países. Os americanos, por exemplo, preferiram assistir ao horrível remake hollywoodiano de “Os Visitantes” do que ver o original.

Com “Intocáveis”, a história é outra. Talvez por conta do gênero cinematográfico. Comédias francesas sempre foram melhores do que filmes de ação. “Intocáveis” é uma comédia? A julgar apenas pela sinopse do filme a resposta é não. Afinal, no centro da história – baseada em fatos reais – está um tetraplégico. Vitimado por um acidente com parapente, ele se vê obrigado a contratar um cuidador, que vem a ser um vigarista de primeira. Digamos então que o filme está mais para uma tragicomédia do que comédia. A verdade é que “Intocáveis” apresenta uma versão otimista sobre as limitações e desafios vividos pelos dois personagens principais e é, ao mesmo tempo, humanista, tocante e muito engraçado. Tudo bem que a produção tenha uma vocação para o politicamente incorreto, mas tem o mérito de ser conduzida num tom surpreendentemente justo.

Não conheço ninguém que tenha assistido ao filme e feito um comentário negativo sobre o mesmo. Elogios não faltam e foi essa propaganda boca-a-boca que levou a produção a se transformar em campeã de bilheteria. Todos se encantam com a história de Philippe (François Cluzet, excelente). Ele é o aristocrata parisiense que fica tetraplégico depois de um acidente. Sua condição exige que ele tenha um cuidador quase em tempo integral, mas, por conta de seu temperamento explosivo, os contratados duram muito pouco tempo na posição. Até que entra em cena Driss (Omar Sy, vencedor do César de melhor ator por seu desempenho), um jovem de origem senegalesa que vive na periferia da capital francesa. Driss, na realidade quer apenas um atestado para solicitar auxílio desemprego do governo. O jovem é recém-saído da prisão, e tem uma conduta no mínimo suspeita. Mesmo assim, Philippe o contrata e os dois passam a desenvolver um vínculo forte, marcado pela soma de valores e descobertas valiosas mediante conflitos de dois mundos distintos.

Logo na primeira cena os espectadores são levados à adrenalina com a dupla. Driss está dirigindo um automóvel de luxo velozmente e no banco ao lado está Philippe. Os amigos são perseguidos pela polícia e nesta cena percebe-se a profundidade da amizade entre os dois. A cena apenas é um quadro introdutório que será explicado à medida do desenrolar da história.

A falta de experiência de Driss no trato de pessoas com deficiência é compensada pela alegria de viver, a espontaneidade e a rebeldia do cuidador. Assim ele faz com que seu patrão saia da posição de vítima e repense sua vida. O encontro também acaba mexendo com os valores de Driss, que passa a prestar mais atenção a sua família e a assumir responsabilidades antes desimportantes para ele.

O que mais chama a atenção no filme é a ênfase dada a superação das fraquezas de cada um através da amizade. No gênero de drama, o filme poderia enfatizar o sofrimento de um homem condenado à cadeira de rodas e de um pobre sem teto. Ao invés disso, Philippe proporciona um lar, trabalho, família e condições para uma vida mais digna a Driss, enquanto este auxilia com bom humor no resgate de sonhos e da autoconfiança que o Philippe perdeu após seu acidente.

As cenas cheias de humor e diversão servem para abordar o lado humano dos dois protagonistas. Philippe escreva cartas de amor platônicas para uma correspondente e é encorajado por Driss a ligar e tornar seu amor real. Driss leva o milionário para passear ao redor da orla da cidade de madrugada, um gesto altruísta para com alguém que tem seus movimentos e dias limitados a quatro paredes de sua mansão. Esses e outros fatos emocionam e dão uma lição de como pequenas atitudes e trocas sinceras de experiências podem fortalecer e desenvolver grandes amizades.

O filme tem ainda o mérito de funcionar como uma excelentre crônica parisiense. Um retrato da França contemporânea, multicultural e em processo de transformação por conta da forte presença de imigrantes no país. Tudo bem que os personagens do filme não saiam da esfera da caricatura, que a empatia entre os dois extremos que o filme desperta não resista a um choque de realidade. E que ele desfile as melhores caricaturas de anedotas e personagens que a gente vê e escuta todos os dias. Quando a piada é boa, é possível rir toda vez que é contada. O fato, na verdade não diminui a força do filme que está mais para a diversão do que para análises sociológicas. E como diversão, funciona bem à beça.

 

 

 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Produtora executiva de "Dexter", Sara Colleton disse em entrevista ao site TV Guide, que a oitava temporada da série deve ser a última. A sétima temporada da trama protagonizada por Michael C. Hall começa  no dia 30 de setembro nos Estados Unidos.
"Queríamos que a série terminasse neste ano, mas o Showtime nos convenceu de que seria melhor fazermos isso em dois anos. De uma certa forma, este é um final em duas temporadas. Estamos trabalhando nisso, e já sabemos como vai terminar. O próximo ano, definitivamente, será o último de 'Dexter'", disse Colleton.

Vontade de rever

E O vento levou

Alien, o Oitavo Passageiro
Avatar




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Bob Dylan em primeira audição


Tempest, que tem lançamento marcado para o dia 11 é o 35º disco de Bob Dylan e a obra com a qual ele celebra 50 anos de música

Sempre acreditei que Bob Dylan deveria ser indicado para receber o Prêmio Nobel de Literatura. E sempre fui alvo de curtição de amigos, que alegavam que eu era (sou) mais do que fã de Dylan, uma verdadeira groupie (fanática). Em 2008, quando Dylan recebeu o Prêmio Pulitzer especial por "seu profundo impacto na música popular e na cultura americana através de canções de extraordinário poder lírico e poético", me senti vingada das brincadeiras dos amigos. Lavei a alma. Para completar, esse ano, a importância cultural da obra de Bob Dylan foi reconhecida pelo governo americano. Ele recebeu a "Medalha da Liberdade", maior honraria do país concedida a um civil.

Na semana passada, último dia de agosto, integrei a lista da legião de fãs que entraram no site www.listentobobdylan.com e encontraram um mapa com lugares estratégicos nos EUA e em outros nove países (Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Holanda, Suécia, Reino Unido e Brasil) para ouvir uma seleção de canções de "Tempest", o 35º álbum de estúdio de Bob Dylan que tem lançamento oficial marcado para 11 de setembro nos Estados Unidos.  A seleção podia ser ouvida em streaming por meio de dispositivos móveis. Não resisti e comprei o disco antecipadamente no iTunes.

O disco serve para reforçar minha admiração por esse senhor de 71 anos que não dá nenhum sinal de pensar em aposentadoria. A lenda do folk americano não somente lança o disco de inéditas, o primeiro desde "Together Through Life", de 2009, como anunciou 32 shows em grandes arenas, entre outubro e novembro, com a participação especial do ex-Dire Straits Mark Knopfler. Vale lembrar que Dylan e Knopfler já trabalharam juntos em dois discos de Dylan, “Slow train coming”, de 1979, e “Infidels”, de 1983. 

Voltando a “Tempest”. O disco foi produzido por Jack Frost, um dos muitos pseudônimos usados por Robert Allen Zimmerman. Dylan usa o nome como produtor de seus próprios álbuns desde "Love and theft", de 2001. Coincidentemente também lançado no dia 11 de setembro. E Antes mesmo de ouvir as músicas em streaming no site listentobobdylan.com, já conhecia algumas canções do disco.  No começo de agosto a Columbia Records tinha liberado “Early Roman Kings”, para trilha sonora do comercial da segunda temporada da série americana “Strike back” da HBO (no Brasil, a série faz parte da programação do canal Maxprime, do grupo HBO). A música tem o tom irônico de algumas canções de Dylan e uma abordagem pra lá de bluseira.

A nova temporada do seriado estreou no dia 17 de agosto nos Estados Unidos, e nesta mesma noite o canal a cabo trouxe ao mundo um trecho de “Scarlet Town”, segunda canção revelada de “Tempest”. “Scarlet Town” lembra vagamente o clima sombrio de “Nettie Moore”, de Modern Times e canções de Leonard Cohen.

É interessante lembrar que a parceria de Dylan com séries e filmes é cada vez mais recorrente. Em 2005, Dylan gravou “Tell’ O’ Bill” para o filme “Terra Fria”, de Charlize Theron. Dois anos depois, lançou “Lucky You” para a trilha sonora de “Bem Vindo ao Jogo”, estrelado por Drew Barrymore. Em 2003, a música “Cross the Green Mountain” apareceu na trilha sonora do filme de guerra “Deuses e Generais”.

Outra amostra grátis de “Tempest” foi apresentada em forma de videoclipe e chama-se "Duquesne Whistle", A canção é um Folk-blues nostálgico que ganhou uma versão cinematográfica violenta, no melhor estilo “Cães de Aluguel”, de Quentin Tarantino. No clip um rapaz com ares de stalker, tenta flertar com uma moça que ele sempre espera sair do escritório. E paga o preço desta ousadia - além do desprezo da garota.

Duquesne Whistle", ou "o apito do Duquesne", remete ao nome de um trem de passageiros da Pensilvânia (a canção tem de fato um balanço ferroviário), e a referência à localidade Carbondale (Illinois) molda uma trajetória pela memória do Meio Oeste americano. A canção foi escrita em parceria com Robert Hunter, um conhecido letrista de "bluegrass" e ex-integrante da banda Grateful Dead. Hunter também participou do álbum “Down in the Groove” (1988) e “Together Through Life” (2009). E o videoclipe foi dirigido por Nash Edgerton (que dirigiu antes "Beyond Here Lies Nothin?", também de Dylan). A guitarra que faz contraponto à voz cada vez mais enfumaçada de Dylan é a de Mark Knopfler.

No site criado pela Columbia Records foi possível ouvir as 10 músicas do disco que totalizam pouco mais de 70 minutos de canções. O álbum parece temático e fala basicamente de amor e morte. Além da comentada "Duquesne Whistle", a faixa-título é uma representação de quase 14 minutos do desastre do Titanic, com direito a citar Leonardo Di Capprio, que protagonizou a versão de James Cameron para o desastre naval. Esta não é a primeira vez que o cantor faz referência a uma estrela em suas letras. Em "I shall be free", ele cita nomes como Brigitte Bardot, Anita Ekberg e Sophia Loren. E em "Motorpsycho Nightmare", Dylan fala de Tony Perkins e do filme "La Dolce Vita".

Em “Roll On John”, ela fala sobre o assassinato de John Lennon. Dylan relata o que imagina ter sido os momentos finais de Lennon, inclusive sua experiência física de morrer, “até o último suspiro”. Triste e comovente, principalmente para quem considera Lennon e Dylan ícones do rock and roll. Na música ainda há memória de Dylan de dois jovens amigos muito chapados em uma limusine.

“Long and Wasted Years” também chama a atenção por mostrar um Dylan falando de anos destilando uma balada linda em que o protagonista pede desculpas a seu amor para ferir seus sentimentos. Ele admite que usa máscaras para esconder seus olhos, porque "Há segredos em que eles não podem disfarçar". A música é o oposto de Pay In Blood, que Dylan encarna o demônio, aparece arrogante e ameaçador, prometendo pagar com sangue, mas não o dele.

É preciso escutar mais, fazer novas e longas leituras, mas a princípio pode se dizer que “Tempest” éimpressionante, mesmo falando de temas que estao eternamente na obra do cantador: perda, catástrofe, assassinato. Aos 71 anos, ele mantém a esperança nas graças salvadoras de coragem, amor e amizade são notavelmente familiar neste século. No comando da linguagem, o bardo americano continua inegualável. E se “Tempest” for mesmo o último registro musical de Dylan (afinal ele tem a voz de um senhor de 71 anos), deixa como legado sua empatia ímpar, sua capacidade de habitar seus personagens, entender suas motivações e fazê-los de carne e osso através da música.